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Bioconstrução: Arquitetura para todos
Eu tinha 17 anos e já era formada Técnica em Informática, quando ingressei na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo em 2006. Neste momento, já sabia que computadores não eram o meu forte, não tive dúvidas que era a Arquitetura que eu deveria cursar, nem sei dizer o porquê.
Durante os cinco anos de faculdade eu só podia pensar em quantas pessoas eu poderia ajudar com o meu conhecimento. Praticávamos projetos de intervenção urbana, projetos de interesse social, estudávamos pessoas, espelhávamos comportamentos em projetos, maquetes e esculturas. Foram nos estágios que aprendi projetar casas, compor cores, decifrar sonhos além das palavras e expressar através da construção.
Aquelas causas pelas quais simulávamos soluções durante os estudos, nunca pratiquei na vida profissional. Cheguei a buscar oportunidades para atuar em planejamento urbano, interesse social, mas a demanda era bem menor do que eu imaginava. Deixei-me conduzir por outras oportunidades que surgiram no meu caminho.
Uma grande amiga me disse durante meu TCC “(…) a faculdade é onde nos apaixonamos pela arquitetura”. E eu entendo melhor isso hoje mais do que naquela época.
Em certo momento, talvez uns 8 anos após formada, me questionei se estava praticando com a paixão que já tinha encontrado dentro de mim outra hora. Tive ótimos clientes na minha jornada até aqui, e acredito que até hoje fiz muito bem o meu trabalho. Entretanto, senti que a minha jornada só estava começando após o nascimento do meu segundo filho, quando consegui fazer um curso de BioConstrução.
Foram quatro dias de um carnaval que me ensinaram mais do que muitos cursos de longa duração, eu estava pronta para aprender.
Aprendi que:
– somos capazes de executar qualquer construção com as próprias mãos;
– nem tudo que é caro em uma construção é o mais saudável;
– a parte mais importante e que deve(ria) ser mais valorizada em uma obra são as pessoas que a constroem;
– as ferramentas da Bioconstrução me colocavam mais próxima de ajudar qualquer pessoa que não pudesse financiar uma obra, mas que realmente quisesse;
– o conhecimento e a vontade é o maior passo para alcançar o que deseja;
– juntos somos melhores e mais fortes;
– existe uma parte do mundo que eu não tinha enxergado até aquele momento;
– bambu, madeira, terra, água, vegetação etc estão disponíveis e na maioria das vezes em abundância, e muitas vezes de graça. E que trabalhando em parceria com a Natureza, chegamos mais longe.
Com tudo isso, um mundo novo se abriu aos meus olhos, e a Geobiologia foi um próximo passo, que contarei em outra oportunidade.
Com isso muito provável que você tenha pensado: “existe um pequeno mercado hoje que aceita casas de barro”, e de verdade, eu só posso pensar que sou capaz hoje de oferecer soluções para pintar paredes com 70% de economia no material. E que de repente escolas abandonadas poderiam ser pintadas pela própria comunidade, talvez até com ajuda das crianças, já que a tinta feita de terra é natural e atóxica e não oferece risco nenhum de ser manuseada. Ainda permite a respiração das paredes, tornando os ambientes mais saudáveis. Entre outras infinitas possibilidades.
Quantas pessoas poderiam se beneficiar ao resgatarmos conhecimentos que nossos bisavós deveriam tirar de letra? Vamos retomar os ensinamentos dos nosso ancestrais? Afinal, arquitetura é para todos.
4 anos Ago
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